MANIFESTO

A Rede Universitária de Solidariedade ao Povo Palestino propõe à comunidade acadêmica brasileira participar da campanha internacional de boicote a instituições públicas e privadas israelenses.

BDS (Boicote, Desinvestimentos e Sanções) é um movimento criado por palestinos e diversas organizações de solidariedade à causa palestina que propõe iniciativas de boicote, não só de consumo de produtos israelenses individualmente, mas principalmente de rompimento de relações comerciais, contratuais e, no nosso caso, de redes de troca de conhecimento. O método é o boicote, o desinvestimento e o uso de sanções econômicas. Inspirado no movimento de boicote à África do Sul nos anos finais do século XX, o BDS é um instrumento de luta não-violenta, que tem grande potencial para combater o regime Apartheid israelense. Atuando por meio de uma crescente pressão sobre as autoridades internacionais e israelenses, o BDS exige que governos, instituições e empresas de países ao redor do globo cortem relações com empresas, instituições e governo israelenses.

Estamos presenciando uma das maiores atrocidades humanas desse século. A intensidade e brutalidade dos ataques do Estado de Israel em Gaza, desde outubro de 2023, possuem todos os atributos de um genocídio contra a população palestina. O Governo sionista de Israel assumiu uma clara política de etnocídio em Gaza, acentuando as práticas de terrorismo de Estado e apartheid social que há décadas vêm sendo  promovidas pelos governos israelenses sob a cumplicidade de diversos países. Gaza há 16 anos se tornou um campo de concentração a céu aberto, privada de acesso à água, energia, alimentos e remédios de modo a atender as necessidades mais prementes de qualquer ser humano, situação que se explicitou escandalosamente desde outubro passado, com os bombardeios e o bloqueio a Gaza, deixando claro o caráter genocida da ação do Estado de Israel.

O militarismo israelense determina a operação de todas as instituições fundamentais de Israel. As universidades e os centros de pesquisa têm um papel decisivo, pois servem de espaço para a produção das políticas de ocupação e para a reprodução do apartheid. Teorias e tecnologias, práticas e discursos que planejam, implementam e justificam a tomada de terras, a expulsão e o assassinato da população palestina. Estas mesmas instituições universitárias israelenses mantêm inúmeros programas de cooperação com as forças armadas israelenses. As armas, munições, tecnologia e serviços de informação (em particular de espionagem,  inteligência e segurança) produzidas pelo complexo industrial militar israelense são testadas cotidianamente em Gaza e na Cisjordânia. A diplomacia e os serviços secretos israelenses desenvolvem uma intensa atividade comercial dessas armas e tecnologias, por meio de  relações com dirigentes governamentais, militares, e empresariais pelo globo, em particular com líderes de extrema-direita quando no poder: o governo Bolsonaro é um ótimo exemplo.

No caso do Brasil, a já intensa aquisição de armamentos e tecnologias israelenses pelas forças armadas e policiais brasileiras nas últimas décadas, passou por claro aumento no governo Bolsonaro. Operações policiais e militares brasileiras realizadas em comunidades nas periferias das grandes cidades com o objetivo de controle social passaram por treinamento e usaram equipamentos de empresas israelenses. Este também foi o contexto de criação de alianças e de relações políticas entre o proto-fascismo brasileiro nascente e o governo israelense, ao longo das últimas décadas.

Entendemos que é necessário que o Governo brasileiro e suas instâncias de Estado, sobretudo as instituições de ensino superior, técnico e tecnológico, cortem imediatamente todas as relações instrucionais  com o governo de Israel. No caso das IFES, o alvo são os projetos de pesquisa e cooperação acadêmica, tecnológica e militar. É necessário interromper convênios acadêmicos de toda a espécie entre o Brasil e Israel, mas em particular aqueles associados ao projeto belicista e de ocupação territorial. Isso significa que, por um lado, devemos ter especial atenção para com projetos e acordos universitários ligados ao desenvolvimento de tecnologias de segurança, informação e armamentos. E, por outro, com convênios em torno de pesquisas voltadas para o desenvolvimento agrário de Israel, que estimulam a ocupação fundiária e a tomada de recursos da Palestina.

É neste contexto que a Rede Universitária de Solidariedade ao Povo Palestino conclama a comunidade universitária brasileira a materializar iniciativas junto aos órgãos colegiados (Congregações, Conselhos Universitários) das universidades de forma a aprovar resoluções que levem à descontinuidade de contratos, acordos de cooperação ou convênios com instituições, acadêmico-científicas ou não, israelenses. Para isso é fundamental a formação de comitês locais em cada instituição, que investiguem a existência de convênios de pesquisa com instituições israelenses e que organize internamente o boicote a tais iniciativas.

Nós, docentes e técnicos- administrativos das instituições federais de ensino, abaixo-assinados, reafirmamos nossa incondicional solidariedade ao povo palestino, à emancipação política e o reconhecimento do Estado Palestino assim como o fim imediato desse genocídio e a condenação por crimes contra a humanidade, promovido pelo governo israelense. Defendemos a imediata suspensão dos acordos firmados por nossas instituições acadêmicas com as instituições israelenses, como forma de reagir à monstruosidade que as políticas do Estado sionista de Israel, vem promovendo há anos em Gaza e na Cisjordânia, nos somando a tantos outros países que diante desse descalabro de horrores também suspenderam relações diplomáticas com Israel.

Palestina Livre do Rio ao Mar!

Para mais informações acesse https://bdsmovement.net

Rolar para cima